Imagem: reprodução/Calçada dos Gigantes
Empenhados em redesenhar a história da humanidade, muitos cientistas e arqueólogos apostam em tentar descobrir certos aspectos do início das sociedades, a partir de estruturas que aparentemente surgiram na natureza ou que intrigam a todos pela aparência diferenciada e que de alguma maneira possam ter influência humana. Estamos acostumados com as mais comuns, como a descoberta do fogo ou da roda, mas há outras coisas que podem ainda prever que o lugar em que vivemos é quase totalmente inexplorável.
Com certeza, temos muito a passear e pesquisar, pois são cerca de 4,54 bilhões de existência terrestre, o que nos torna quase tão invisíveis quanto o ar que nos cerca. Claro que o advento da tecnologia e da era digital, facilitaram alguns processos e sofisticaram o fazer ciência, para que esses estudiosos pudessem ter cada vez mais sucesso em suas tentativas e a investigação realizada na Calçada dos Gigantes têm o intuito de abrir espaço para impactos surpreendentes sobre a região e o processo de construção das colunas ali presentes.
São 400 anos de observação e muitos mistérios localizados no litoral da Irlanda do Norte em uma formação geológica, com colunas de até 12 metros que dão o nome a “Calçada” no condado de Antrim, há 32 quilômetros da capital do país. Há mais de 40 mil pilastras em formas hexagonais distribuídas alinhadamente à beira do mar, como se tivessem sido postas lá de maneira extensa e bem preservada.
Existem outros exemplos similares, como na Escócia, Islândia e na misteriosa cidade de Dara na Turquia, que abriga histórias impressionantes e em seu subterrâneo, onde foram encontradas construções de mesmo porte, podendo chegar a 15 metros em meio às ruínas do local. Há cerca de 10 anos, o ecossistema de Dakila, responsável por uma gama de pesquisas arqueológicas, esteve presente no país para investigar o tipo de influência que possa ter originado essas colunas.
A Calçada dos Gigantes faz parte de um grupo de rochas vulcânicas, datado do período Paleoceno, cerca de 60 milhões de anos atrás e é composta principalmente por basalto que é uma rocha escura e que auxilia ainda na origem de outros componentes, como argilas já que liberam minerais como cálcio, magnésio, ferro e cobre, que são importantes também para a nutrição das plantas, enriquecendo o solo o fertilizando.
A alcunha do lugar atribui-se ao tamanho das colunas e pelo surgimento de uma lenda local que implica sua criação a um gigante Finn McCool, que teria montado a calçada para atravessar o mar e lutar com um rival escocês. Acredita-se que ela é resultado do resfriamento lento da lava que preencheu um antigo vale fluvial, que teria se contraído e rachado em colunas verticais já nessas formas, conhecidas como “juntamento colunar”.
Em um estudo recente, realizado pelo geólogo Michael J. Simms defende que a lava teria se acumulado em uma área que afundou pouco antes da erupção em fenômeno de subsidência, ou seja, um afundamento abrupto ou gradativo da superfície da terra que aconteceu tão rapidamente que não houve tempo suficiente para que a água, sedimentos ou mesmo erosão alterassem a área antes do fluxo de lava ocupar o espaço levando ao crescimento extremamente espesso das colunas.
Uma preocupação dos pesquisadores e estudiosos é o conhecimento geral por parte dos moradores e possíveis visitantes, pois o local se tornou Patrimônio Mundial Natural pela Unesco, em 1986 o que não só protege o local legalmente, como ajuda a financiar ações de conservação e pesquisas científicas na região, ademais a educação ambiental e geológica. Porém o contato humano, pode alterar certos aspectos da coluna, como compactação do solo por pisoteio, erosão acelerada e descarte inadequado de resíduos.
Para que isso não ocorra com tanta rapidez, o centro de visitantes da calçada estabeleceu trilhas demarcadas, paineis educativos e ações de conscientização ambiental.
Escrito por Kethelyn Rodrigues, supervisionada por Li Lacerda.